Carpenter, só tratando da manipulação subliminar, até chegar ao Arquivo X, no episódio ''Senha'', no qual são abordados os subliminares governamentais.
Não é que foi chocante quando descobri que não era paranóia ou fantasia delirante, que as tais mensagens subliminares existiam mesmo e são empregadas para ensinar idiomas enquanto o estudante dorme, para vender produtos e até eleger Presidentes da República, e que subliminar era tema de sérias e caras pesquisas universitárias em todo o mundo?!
Por definição, subliminares são as mensagens que nos são enviadas dissimuladamente, ocultas, abaixo dos limites da nossa percepção consciente (medidos pela Ergonomia) e que vão influenciar nossas escolhas, atitudes, motivar a tomada de decisões posteriores.
Subliminares são mensagens que entram na nossa mente de contrabando, como um vírus de computador que fica inerte, latente, e só é ativado na hora certa.A Teoria Subliminar remonta ao filósofo grego Demócrito (400 a.C.) e é descrita por Aristóteles, Montaigne, pelo físico brasileiro Mário
Schenberg, pelo filósofo da linguagem Vilem Flusser e vários outros.
Os efeitos dos estímulos sensoriais imperceptíveis conscientemente vêm sendo medidos pela Psicologia Experimental, até que, em 1919, o Dr. Otto Poetzle (ex-discípulo de Freud) prova que as sugestões pós-hipnóticas têm o mesmo resultado prático dos estímulos subliminares para alterar o comportamento humano.
Estas pesquisas saem da universidade para afetar a nós,
cidadãos-eleitores-consumidores, em 1959, quando o publicitário Jim Vicary coloca um taquicoscópio (projetor de slides, nome cuja origem vem de táquios = velozes, como o estroboscópio anteriormente criado) no filme
Picnic, estrelado por Kim Novak, projetando frases (como
''drink Coke'') numa velocidade de 1/3000 de segundo, imperceptíveis pela consciência, aumentando assim as vendas do refrigerante. Tal experimento foi denominado Experimento
Vicarista.
Nos anos 70, a tecnologia subliminar é adaptada à mídia televisão em um frame (1/30 de segundo) no jogo infantil Kusher
Du, obtendo ótimos resultados.
A partir de então, capas de revistas, fotos de anúncios publicitários e propaganda eleitoral passam a empregar indiscriminadamente subliminares... até serem denunciados por um Ph.D canadense, o psicólogo Wilson Brian
Key, em uma série de livros corajosos e polêmicos, apoiados pelo criador do termo Aldeia Global, o teórico de Comunicação
McLuhan, que prefaciava suas obras.
Fisiologicamente, o olho humano tem umas células chamadas bastonetes, que formam a visão periférica (chamada de fundo, pela psicologia da
Gestalt), e outras chamadas cones, que constituem a fóvea, nosso foco de visão consciente (figura, na
Gestalt). Tudo o que é percebido pelo consciente-foco-fóvea-cones-figura... é o subliminar-inconsciente-bastonetes-fundo!
O mesmo princípio aplica-se ao ouvido: o fundo musical, que dá o ''clima'' de anúncio publicitário ou filme de terror, é subliminar enquanto você estiver focalizando atento a fala e os gestos do ator-personagem.
Houve até um jingle brasileiro feito para os automóveis Chevrolet cujo ritmo melódico era em um ciclo de 72 batidas por minuto, o que provocava, subliminarmente, memórias inconscientes no ouvinte do ritmo cardíaco da mãe o amamentando, persuadindo-o a amar e sentir-se protegido pelo automóvel-mamãe.
Este jingle fazia o consumidor regredir a um estágio psicológico infantil, chantageando-o a comprar e criando o desejo pelo carro anunciado, de modo a fazê-lo sentir-se culpado por não poder comprá-lo. É possível que tal fato provocasse danos psíquicos perceptíveis ao consumidor e conseqüências sociais imprevisíveis.
Hoje, as telenovelas usam o merchandising, inserindo os produtos (motos, sorvetes, sandálias, bancos, perfumes, roupas, etc.) na narrativa de modo aparentemente inocente e inofensivo. Mas estas aparições são muito mais caras que as inserções comerciais normais - caras por terem efeitos maiores e melhores sobre o consumidor.
Por outro lado, grandes empresas colocam vírus nos computadores que fazem piscar na tela (efeito
flicker) frases como ''trabalhe mais rápido'', para aumentar a produtividade dos empregados. Também supermercados instalam som ambiente com as frases ''sou honesto'' e ''roubar é errado'', a fim de reduzir os índices de furtos entre os clientes, e bancos agem de forma semelhante para estimular aplicações financeiras.
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